quinta-feira, julho 06, 2006

e depois, às vezes, tem-se a certeza

às vezes. às vezes tem-se a certeza do caminho. sente-se, sabe-se. como quem olha para o céu e sabe que amanhã não vai chover. como quem espera porque sabe que algo vai chegar. sabe-se, apenas. não se precisa de mais nada, apenas de pernas e força para andar. de cabeça erguida e mãos firmes. porque se sabe. e depois, às vezes, duvida-se. como se a órbita da terra se alterasse. deixa-se de saber para onde se quer ir, como se os pontos de referência se tivessem alterado. como se a bússola deixasse de indicar o norte. como se não houvesse norte. como se não houvesse bússula. como se não houvesse certeza. certeza. o quê? não há. não se sabe. sente-se, mas não se sabe o quê. e agora? segue-se em frente, pé ante pé. como se, ao abrandar o passo, se adiasse a decisão. não se adia. ela continua lá. ali, logo ali, quase aqui.

e depois, às vezes, tem-se a certeza. mesmo que a terra insista em se agitar. às vezes tem-se a certeza do caminho - mas só até que se volte a duvidar.