books and noises.
sexta-feira, abril 28, 2006
terça-feira, abril 25, 2006
O perfume de uma felicidade desconhecida
Só o acaso pode ser interpretado como uma mensagem. O que acontece por necessidade, o que já era esperado e se repete todos os dias é perfeitamente mudo. Só o acaso fala. Nele é que deve tentar-se ler, como as ciganas fazem com as figuras deixadas no fundo de uma chávena pela borra de café.
(...)
O acaso tem destes sortilégios, a necessidade, não. Para um amor se tornar inesquecível é preciso que, desde o primeiro momento, os acasos se reúnam nele como os pássaros nos ombros de São Francisco de Assis.
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O acaso tem destes sortilégios, a necessidade, não. Para um amor se tornar inesquecível é preciso que, desde o primeiro momento, os acasos se reúnam nele como os pássaros nos ombros de São Francisco de Assis.
Milan Kundera in A Insustentável leveza do ser
quinta-feira, abril 13, 2006
Todo o amor do mundo não foi suficiente
todo o amor do mundo não foi suficiente porque o amor não serve de nada.
ficaram só os papéis e a tristeza, ficou só a amargura e a cinza dos cigarros e da morte.
os domingos e as noites que passámos a fazer planos não foram suficientes e foram demasiados porque hoje são como sangue no teu rosto, são como lágrimas.
sei que nos amámos muito e um dia, quando já não te encontrar em cada instante, cada hora, não irei negar isso.
não irei negar nunca que te amei.
nem mesmo quando estiver deitado, nu, sobre os lençóis de outra e ela me obrigar a dizer que a amo antes de a foder.
Todo o amor do mundo não foi suficiente (A Naifa)
José Luís Peixoto