quinta-feira, junho 29, 2006


O melhor amor é aquele que desperta a alma,
e nos faz tentar chegar mais longe.
Isso semeia o fogo nos nossos corações
e traz-nos paz de espírito.
E foi isso que tu me deste.
Era o que eu tinha esperado dar-te a ti,
para sempre.

quarta-feira, junho 28, 2006

No words No title

deito-me tarde para te dar tempo de chegares cá.
não quero dormir sozinho de ti, mas nunca vens e não fico acordado à espera.
a realidade ocupou o lugar do teu corpo com pedidos que o dissolvem no silêncio ocasional dos erros que não choro. que não choro. que não choro.
desperta-me com o ruído agudo da porta que se abre ante o luar da tua boca e diz que aqui é o único lugar onde queres estar.

sou o último a acordar.
o Sol já nem se dá ao trabalho, passa sem parar na minha janela.
às vezes abro os olhos para procurar um sítio seco na almofada babada e não o encontro.
levanto-me, então, com a cabeça dorida e pesada por ter sonhado tanto e com tanta força.
rompo uma brecha nos lábios, descosendo-os, na tentativa de inspirar um ar novo e bom.
A minha apatia acre parece ter-se alastrado por todo o espaço do quarto.
deito o cabelo sujo e irregular às mãos, como tentando descobrir uma flor ainda viva num jardim inóspito e há muito deixado ao abandono. as linhas negras do meu cabelo estão quentes.
talvez não seja preciso ligar o fogão, aqueço o pequeno-almoço na minha testa.
a electricidade está cara. a vida está cara.
e eu sou um mendigo demasiado orgulhoso para estender a mão.
o mundo é a primeira pessoa do singular.
o mundo que morra e volte cá sem mim.

domingo, junho 25, 2006

the other side of the world to me

'The fire fades away
Most of everyday
Is full of tired excuses
But it's to hard to say
I wish it were simple
But we give up easily
You're close enough to see that
You're the other side of the world to me





On comes the panic light

Holding on with fingers and feelings alike
But the time has come
To move along
.
.
.
Can you help me
Can you let me go
And can you still love me
When you can't see me anymore' kt tunstall

sexta-feira, junho 23, 2006

Apenas conceitos

- invisibilidade, s. f. qualidade do que é invisível.
- invisível, adj. 2 gén. que não se pode ver; escondido; s. m. o que se não vê.


invisibilidade do meu ser. de mim para mim. a imagem deixou de estar distorcida. agora sou invisível aos meus olhos. e no entanto, nunca tive tanta noção do que sou, como sou. há todo um mundo à minha volta. uma vida que precisa de ser vivida. por mim. quando se faz de tudo para não ver, para não sentir - ou sentir de uma forma moderada -, parece que o passo em frente torna-se mais fácil de ser dado. o futuro vislumbra-se mais claro, mais perto. o segredo está naquela velha frase, viver um dia de cada vez. e no acreditar. acreditar que aquela vida que tanto sonhaste para ti pode ser real, e não apenas um sonho. mas sem fazer grandes planos! os planos são os nossos maiores enganos. viver um dia de cada vez, isso sim, é viver. se calhar, o que eu quero dizer, é que se deve deslizar em vez de flutuar. e vais-te deitar com o peso das horas que viveste, das palavras que ouviste, das imagens que viste e das pessoas que sentiste. é um peso quase leve. (ou uma leveza quase pesada?) transferes tudo para o colchão e para a almofada. e antes de adormeceres, pensas: amanhã é outro dia. se acordar. se não acordares, também não é assim grande azar - não tinhas planos. se acordares, naqueles 15 minutos de ronha que fazes antes de te levantares, planeias o teu dia. mas sem grandes desenhos, apenas rabiscos. e assim se passam os dias, a vida - um dia de cada vez. e chega-se sempre um pouco mais à frente. o passado já não é motivo de preocupação, e o futuro é apenas uma visão. assim se busca o equilíbrio entre o que é estar vivo e o que é estar morto. e assim se vai vivendo. e assim se vai morrendo. sempre buscando o equilíbrio, a estabilidade. entre ti e o mundo. entre a vida e a morte. entre o peso e a leveza. entre a beleza e a fealdade. é tudo uma questão de opostos, na verdade. e no fim descobres que, o desequilíbrio pode ser também uma forma de equilíbrio.


- equilíbio, s. m. estado de um corpo que se mantém, ainda quando solicitado ou impelido por forças opostas; fig. igualdade; harmonia.
- desiquilíbrio, s. m. efeito de desequilibrar ou desequilibrar-se; falta de equilíbrio; desarranjo mental.

domingo, junho 18, 2006

Ouve...

quero um último abraço, elevado ao infinito vezes sem conta. quero um primeiro abraço outra vez.

quando me esqueço que amanhã não te vou ver continuo a sentir a tua falta.

vais estar nos dias felizes e, em todos os outros, chamar-te-ás esperança.

sinto-me triste, mas ainda só choro por ti.

agora sei o que é ter frio.

ouve: amo-te.

ouviste ?

terça-feira, junho 06, 2006

Não tenho medo de ouvir o que tens para dizer,
Ainda que as tuas palavras magoassem
Impossivel seria, essa dor ser igual à que senti quando te vi com outra companhia.
O teu silêncio não é mais de ouro,
perdeu valor, quando perdeu sentimento.
Fugis-te quando viste as coisas ficarem piores
Tomas-te um rumo contrário ao meu,
Fingis-te ignorar o que sentias
E tratas-te do esquecimento..

Fizeste-me sentir culpado, logo arrependido
Fizeste-me sentir deprimido, logo perdido
Quando só agora percebo, que eu devia pedir desculpa..
e não peço com medo do que tu me possas dizer..

Estou preso a ti
tens consciência?
Há um vazio aqui do meu lado..
COnsegues ver?
Quero saber de ti..
Onde estás..?
...


...não faz sentido...

sexta-feira, junho 02, 2006

o olhar fixo no chão durante mais de sete segundos é a prova oficial e reconhecida de que estás mais recuada para dentro do que te é costumeiro. distribuído ao longo do dia, o gesto surge diluído na tua expressão, mas eu sei, porque aprendi a reconhecer estas coisas ao longo do tempo. consolo-me e descanso-me nos teus olhos dezenas de vezes ao dia, sem que te apercebas, e é apenas natural que lhes tenha aprendido as manias e as birras. as pupilas dilatam-se milimetricamente - uma proporção que sei que poderia descrever numa escala absoluta - , ao ritmo do teu sorriso, ao ritmo do reconhecimento da familiaridade nas coisas, ao ritmo da alegria; fecham-se no processo lógico, na seriedade do teu mundo formal e condicional, na preparação e na antecipação do que traças. sei isto porque ao ritmo que te sinto, nenhum tutor é tão esclarecido e esclarecedor como a sinuosidade do teu corpo. neste momento, sendo nosso, escuso-me por alguns pequenos ensejos e decorro para ti, para aquilo em que pensas e que sentes. quero apenas procurar-te na morada dos teus lábios e nos teus dedos, festejo-te com o meu rosto no teu e intento amar-te o mais que posso, neste momento – que é último.